terça-feira, 20 de setembro de 2011

Novas tecnologias exigem novos conteúdos

Arquivado em Educação a Distância 30 Comentários
O mercado editorial e as empresas de sistemas de ensino começam a se preparar para uma nova realidade: a do livro didático digital. Com dispositivos como laptops, e-books e iPads, um novo cenário se apresenta para a educação. E também novos desafios. “Novas tecnologias requerem novos conteúdos”, diz Ana Teresa Ralston, diretora da tecnologia de educação e formação de professores da Abril Educação – grupo que reúne editoras e sistemas de ensino e é controlado pela família Civita, que também é dona da editora Abril, que publica VEJA. Convidada a falar sobre o tema em um painel especial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que se encerra neste domingo, a especialista, diz que ainda é preciso investir tempo e recursos para criar um livro didático 100% digital e multimídia. Confirma a seguir os principais trechos da entrevista.

O futuro do livro é incerto, mas o processo de digitalização já começou, com os e-books, iPads e outros dispositivos. Em relação às obras didáticas, o que é possível constatar?
É possível dizer que temos uma revolução escondida. Uma revolução que já começou, mas que escapa à nossa observação porque acontece no processo de produção do livro didático. Ao produzi-lo, já utilizamos todos os artefatos tecnológicos disponíveis. Porém, o que se analisa agora é quando isso estará presente na versão final do livro, ou seja, quando ele será completamente multimídia e virtual. Muitos estudiosos apontam que a educação levará mais tempo do que outras áreas para incorporar todas essas inovações.
Qual a razão dessa demora?
No meio educacional, as tecnologias demoraram mais a serem incorporadas, em virtude das mudanças que elas imprimem nos padrões, na formação dos educadores, na produção do material de apoio e na infraestrutura das escolas. Novas tecnologias requerem novos conteúdos, e, para isso, é preciso profissionais capacitados, preparados para produzir esse novos conteúdos. Além disso, o professor que irá usar essas ferramentas também precisa ser formado para a essa tarefa.
Então, o que ocorre nesse processo não é a simples digitalização do conteúdo impresso, mas, sim, a criação de novos conteúdos.
É importante lembrar que, quando falamos desse processo, abordamos três elementos distintos: o livro didático impresso, o livro didático impresso digitalizado – e isso já fazemos – e o livro 100% virtual. Nesse último, o que ocorre não é a simples transferência do impresso para o digital. É uma outra comunicação, que acontece em outra mídias. E acho que esse é o grande desafio: a maneira como organizamos os conteúdos na mídia impressa é diferente da maneira como o fazemos na mídia digital.
Esse novo tipo de conteúdo, mais familiar aos alunos que já utilizam as tecnologias fora da sala de aula, pode alimentar o interesse dos estudantes pelo que se ensina nas escolas?
Quando trabalhamos com soluções digitais, procuramos entrar em sintonia com a linguagem do aluno. Mas essas soluções precisam ser utilizadas com orientação pedagógica para que sejam significativas. Caso contrário, viram só distração.
Como evitar que o livro didático digital seja uma armadilha?
Eu costumo dizer que o meio digital evidencia uma aula mal dada. Às vezes, temos uma aula que não foi a ideal, mas não há registros dela. Já com a tecnologia digital tudo fica registrado. Então, é preciso usá-la para enfatizar boas práticas, para ilustrar situações que não seriam possíveis de outra forma. A tecnologia é um recurso poderoso, viável e possível e não deve ser usado como enfeite. Para isso, é importante pensar quais recursos são relevantes para esse novo ambiente. Caso contrário, retira-se essa relação afetiva que temos com o papel e com a leitura sem adicionar nenhum ganho.
Quais podem ser os ganhos da adoção da tecnologia na educação?
São as possibilidades de interação, de animação, de ilustração, de relacionar os conteúdos e fazer pesquisas. Em disciplinas como química, física e biologia, por exemplo, é possível simular situações. O professor pode ainda trabalhar infográficos de tempos históricos e evoluções geológicas. Pode trabalhar com pesquisas imediatas dos assuntos que estão sendo trabalhados naquele momento. É possível estimular o aluno para a possibilidade de troca, de colaboração, de construção do conteúdo em conjunto. Esse tipo de habilidade e competência é uma demanda do mercado de trabalho. E se o aluno começar a vivenciar isso no mundo da escola, ele vai poder ter essa habilidade como algo natural no mundo do trabalho.
Quais as dificuldades envolvidas na criação de um livro didático multimídia?
Precisamos conceber um produto diferente, não apenas digitalizar o que já existe. Além disso, precisamos viabilizar o acesso a todas as escolas brasileiras, nos mais remotos lugares. Aí, temos o desafio da entrega – e também da produção. Hoje, apenas começamos a trabalhar com alguns componentes agregados, ou seja, a pensar conteúdos de forma integrada.
As empresas de sistemas de ensino já estão se preparando para essa nova realidade?
Já. A digitalização de livros e apostilas já existe. O que começamos a fazer agora é desenvolver o material integrado: o meio impresso e o meio digital. O esforço é na produção de conteúdos virtuais, cada vez mais relevantes, integrados e efetivos. Ainda não pensamos em um produto 100% digital porque pensamos antes no material impresso, e depois partimos para o virtual. Acredito que pensar a totalidade do produto no ambiente virtual seja o nosso próximo passo.
Alguns especialistas pregam o fim do livro tal como nós o conhecemos, enquanto outros defendem que, apesar dos avanços tecnológicos, ele jamais deixará de existir. Quais são suas previsões?
Acho que ainda é cedo para previsões. Contudo, é hora de pensar nas evoluções da integração das mídias e se preparar para elas. Particularmente, não acredito que teremos uma mídia só. Aposto em uma segmentação. Nós pensaremos sobre qual a melhor forma de transmitir cada conteúdo. Ainda temos gerações que possuem uma relação muito próxima com o livro e alguns conteúdos seguirão sendo consumidos na mídia impressa. O que talvez tenha mudado é que hoje avaliamos o conteúdo antes de consumi-lo. Então, baixamos um livro no Kindle, por exemplo, e, se gostamos da leitura, compramos a versão impressa.
PDF – As novas tecnologias da informação numa sociedade em transição
PDF – Limites e possibilidades das TIC na educação

Formação de Professores não é prioridade

Arquivado em Educação a Distância 
O ambiente acadêmico ainda considera a formação de professores para a educação básica uma tarefa “menor” o que dificulta a melhoria da qualificação desses profissionais para atuar em sala de aula. Este é o diagnóstico de especialistas, pesquisadores e organizações da sociedade civil reunidas no Congresso Internacional Educação: uma Agenda Urgente. A formação de professores no Brasil foi tema de discussão em uma das mesas de debates, e há um consenso de que é necessária a revisão dos currículos dos cursos de pedagogia e de licenciaturas.
Um dos componentes que deve ser fortalecido, na opinião dos debatedores, é o prático. Para os especialistas, o estágio precisa ganhar maior importância e deve ocorrer desde o início da formação do professor. Uma das principais críticas é que a universidade não prepara o professor para lidar com a realidade da sala de aula, que inclui problemas de aprendizagem e um contexto social que influencia no processo.
“A formação inicial deve estar visceralmente ligada à sala de aula. Ela deve ocorrer em dois lugares: na universidade, onde eu penso, discuto e estudo e naquele lugar que é objetivo maior do professor, a sala de aula”, disse Gisela Wajskop, diretora-geral do Instituto Singularidades.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, declarou que apesar do estágio ser obrigatório para a obtenção do diploma, em muitas escolas de formação ele não passa de uma “formalidade”. “O estágio é fundamental para conectar o que o aluno aprende na universidade e o mundo real. Ele precisa sair sabendo como são as escolas, quais são as dificuldades concretas que ele vai encontrar e quem é esse jovem que ele vai ensinar e que ele só estuda na psicologia. Mas o estágio precisa ser bem feito, orientado e cobrado”, ressaltou.
Uma das propostas apresentadas para melhorar a formação, é instituir nas licenciaturas e cursos de pedagogia uma espécie de residência, semelhante a que ocorre nos cursos de medicina e que é obrigatória para o exercício profissional. Leão aponta, entretanto, que a formação do professor não é a única variável que determina a qualidade do ensino. “A universidade que forma o professor da escola pública é o mesmo que forma o da particular. Mas, a segunda tem resultados melhores nas avaliações”, disse.
Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos defende a criação de centros ou institutos de formação nas universidades que sejam separados dos departamentos que hoje oferecem as licenciaturas. “O professor da universidade que está preocupado em dar aula na escola de educação básica é visto no seu departamento como inferior porque não está preocupado em publicar artigos nas revistas de ponta”, declarou.
A desvalorização da carreira e dos cursos de formação têm levado ao fechamento das licenciaturas, conforme observou o vice-presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), Marcelo Lourenço. “Nós estamos pedindo socorro porque os cursos estão fechando por falta de procura”.
Vídeo Entrevista – Formação de Professores – Marcos Lorieri
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Revista Brasileira de Formação de Professores

EDITORIAL

EDITORIAL PDF
Lizete Shizue Bomura Maciel, Alexandre Shigunov Neto

Artigos

Prática pedagógica supervisionada e feedback formativo co-construtivo PDF
Isabel Alarcão, Álvaro Leitão, Maria do Céu Roldão
O que seria se a ciência incluísse a psicanálise? Implicações na formação de professores e educadores PDF
José Pereira Costa Tavares
Formação de professores: a dimensão política e o compromisso social do pedagogo como professor, investigador e gestor educacional PDF
Iria Brzezinski
A incorporação dos saberes docentes na formação de professores PDF
Marli Eliza André, Hildizina Norberto Dias
Docência universitária: a construção da professoralidade PDF
Doris Pires Vargas Bolzan, Ana Carla Hollweg Powaczuk
Fonte: Uol/Educação

Educação a distância avança, mas é preciso cuidado na escolha

 
O mais recente Censo da Educação Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que, nos últimos dez anos, o número de matriculados em cursos de graduação a distância aumentou em mais de 15.000%. No ano 2000, havia 5.287 inscritos em todo o Brasil. Em 2009, esse número pulou para 838.125, uma trajetória histórica dos números de matrículas no EAD.
Apesar da educação a distância (EAD) em cursos de graduação ser um processo relativamente novo no Brasil, o ensinamento à distância é considerado uma modalidade antiga de educação. Para a professora de Educação, Comunicação e Tecnologia do campus Sorocaba da Universidade de São Carlos (Ufscar), Teresa Melo, que estudou o ensino semipresencial para a tese de doutorado em Ciências da Comunicação, as cartas bíblicas do apóstolo São Paulo foram os primeiros registros de educação a distância. “O objetivo das cartas era passar uma mensagem, um ensinamento. Aquilo já era educação a distância”, defende.
Com o passar dos anos, os mais variados meios para passar as mensagens foram utilizados, desde correios, rádio e televisão. Quando surge a internet e os meios digitais, as oportunidades de cursos à distâncias explodem. “O Instituto Universal Brasileiro sobreviveu tanto tempo e durante décadas formou tantos técnicos sem internet. Hoje ele se adaptou e também usa plataformas digitais.”
Teresa acredita que, com a internet, a educação a distância muda de status. “Antes, quem fazia não era valorizado. Hoje, as pessoas acham bacana fazer um curso a distância. Mas, embora o ensino a distância seja antigo, os meios de transmiti-lo são novos e mudam o tempo todo. Cada vez que a tecnologia evolui, mudam as possibilidades.”
Educação democrática
Para a especialista, não se trata de roubar o espaço dos cursos presenciais tradicionais. A educação a distância é uma alternativa e complementa a educação presencial tradicional. “Eu prefiro acreditar que todas as tecnologias digitais venham somar e não substituir”.
Com o universo de cursos à distância, a educação fica mais democrática, com a possibilidade de chegar a pessoas que não teriam chance de outra maneira. “É uma educação cidadã. Além da qualidade, é necessário trazer com ela a possibilidade de reflexão, de inserção social, de seriedade.”
E não são apenas as distâncias que são flexibilizadas. Além do espaço, os cursos trazem flexibilidade de horário, um bem cada vez mais precioso na sociedade contemporânea. “Isso dá oportunidade para muita gente que não teria oportunidade de estar presente num curso desses. Só isso já é um grande fator positivo.”
Problemas
Os mesmos problemas encontrados no ensino presencial também são os que afetam a qualidade dos cursos a distância. Teresa afirma que, independente da modalidade, o que importa é a seriedade com que a atividade educacional é encarada. “Uma visão equivocada da educação, falta de seriedade, mercantilização e massificação do ensino são os piores. Mas isso, qualquer curso em qualquer instituição, ensinado por qualquer modalidade, pode ser muito bom ou pode ser uma arapuca”, disse.
Além disso, outro ponto negativo do ensino a distância é a perda de outras vivências acadêmicas, como a vida universitária, por exemplo. “Há outras coisas que acontecem num espaço de ensino superior e que vão além da sala de aula. As aprendizagens não se restringem ao momento de ensino.”
Mas, mesmo assim, ela acredita no relacionamento pessoal à distância. “Engana-se quem pensa que à distância não existe o calor, o relacionamento pessoal. À distância, você pode conhecer muito bem uma pessoa sem nunca ter visto. Você pode estabelecer relações de amizade duradouras e fortes dessa maneira”, defende.
Profissional
“A educação a distância não vai tirar o emprego do professor”, afirma Teresa. Ela explica que, pelo contrário, até são necessários mais profissionais de educação envolvidos. Apesar da falta de estrutura física, a estrutura humana precisa ser maior para o ensino ser bem feito. “A educação a distância séria tem uma equipe muito maior que a disciplina presencial, inclusive com grupos multidisciplinares, como profissionais de Tecnologia da Informação, que precisam estar afinados.”
Estudante
De acordo com Teresa, o curso à distância depende mais do aluno que o presencial, por cobrar uma disciplina maior do estudante. “Flexibiliza tempo e espaço, mas exige uma disciplina de participação que precisa ser muito rígida. E entender que, mesmo distante, ele não pode deixar para depois, ele precisa estar o tempo todo ligado. Para o estudante, a modalidade também é novidade.”
As pessoas que mais se interessam pela modalidade são as que não possuem outras possibilidades no tempo ou no espaço. “Você pode imaginar até aquele estudante que está na Amazônia, distante de um centro que tenha uma universidade, como aquele que mora em São Paulo, mas não tem tempo para poder cursar uma graduação presencial. O perfil do estudante é bastante variado e também está sendo construído para entender as dificuldades da participação de um curso presencial”, afirma.
Solução
Teresa defende uma modalidade híbrida e bem estruturada como ideal para o ensino a distância. “Os cursos semipresenciais, com encontros presenciais e parte à distância são uma solução”, diz.
A massificação também compromete qualquer tipo de curso, de acordo com ela. Por isso, o ideal é que os cursos tenham no máximo 25 alunos por tutor. “A educação não pode ser uma estrutura de massa. No entanto, algumas instituições não trabalham assim porque barateia o custo quando coloca 100, 120 alunos sobre responsabilidade de um profissional. Isso não é educação séria, mas não é nem presencial nem à distância”.
Apesar de todas as qualidades dos cursos à distância, Teresa destaca que ainda há questões a serem analisadas. “Existem questões a se debater. O que dá para fazer à distância? Você consultaria um médico que fez uma faculdade à distância? Há limites no processo e é preciso pensar neles.”
Devido às discussões que ainda gera, a modalidade de ensino à distância, para Teresa, não deve ser tão elogiada nem criticada demais. “Depende de muito conhecimento, muito estudo, muita técnica e muita sensibilidade. Por isso, não se pode satanizar o EAD e nem simplificar e louvar demais. Ele não é o salvador da pátria, assim como as tecnologias digitais não são as salvadoras da educação. Elas podem ajudar, mas se eu não pensar como usá-las, não vão adiantar em nada”, finaliza.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
http://www.educacaoadistancia.blog.br

domingo, 21 de agosto de 2011

Professor X Aluno

 

De um lado um...
Do outro, o outro.
De um lado um...
Do outro alguém.
De um lado um...
Do outro, quem sabe?
Pensamentos diferentes...
Objetivos iguais
Trilhar o mesmo caminho,
Percorrendo caminhos diferentes.
Um é espelho...
O outro também.
Um é contato...
O outro também
Um é comunicação...
O outro também.
Um é tradução...
O outro também.
Às vezes um é ensino
E o outro, aprendizagem...
Às vezes um é aprendizagem
E o outro, ensino...
Ambos em processo.
Fonte: (Edione Maria Lazzari, 2008)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A importância do aluno e do professor na Educação a Distância


A educação a distância  tornou-se uma solução para grande parte dos brasileiros, pela sua praticidade e flexibilidades no tempo. Alunos que vivem em locais distantes dos grandes centros, a EaD se torna uma aliada na busca de conhecimentos e melhorias na área profissional, visando boas oportunidades no mercado.
A educação a distância nos dias atuais ajudará muito as pessoas que não puderam estudar na época certa. Vale lembrar que a EAD exige muito empenho do aluno, pois ele precisará ter uma disciplina de estudos para poder acompanhar, então acredito que a EAD a partir do ensino médio fará com que muitas pessoas que trabalham em turnos poderão voltar a estudar.
A educação a distância tem quase 1 milhão de estudantes na graduação no país e esta é uma oportunidade para quem não tem um horário fixo ou está longe das instituições de ensino, além dos cursos a distância terem um custo inferior cerca de 40% a 50% à modalidade presencial. O perfil nem sempre é o aluno de baixa renda, com mais de 30 anos, com família e filhos, sabemos que são a maioria. A qualidade da educação a distância é igual ou superior à modalidade presencial. A grande discriminação vem de órgãos públicos como o CFESS (Conselho Federal de Serviço Social), que lançou uma campanha chamada “Educação não é Fast Food”, contra o ensino a distância. Temos problemas que devem ser resolvidos, mas não podemos discriminar os alunos que escolhem essa modalidade. A qualidade da EaD é a mesma, pois os cursos são fiscalizados pelo Ministério da Educação e Cultura, a avaliação que é feita nos cursos presenciais é a mesma nos cursos EaD.  Acredito que a aprendizagem depende do esforço do aluno, pois ele precisa se dedicar naquilo que irá aprender tanto da educação a distância como presencial. A EaD já é uma realidade que está dando muito certo, e as Instituições de Ensino Superior estão cada dia mais se interessando e abrindo cursos na modalidade EaD.
Uma das necessidades mais importantes quando se trata de Educação a distância é a necessidade de se discutir sobre o papel do professor e do aluno e as relações destes  nesta modalidade de educação a distância. Um dos aspectos é a necessidade do professor interessado em atuar na EAD estar a par das discussões sobre os rumos da educação e da mudança de paradigma que a EaD está provocando.
Neste novo paradigma, a aprendizagem está sendo ressignificada passando a compreender um processo de construção e de re-construção das práticas educativas e de  tomada de consciência do sujeito que precisa agir sobre o que está sendo aprendido
Na educação tradicional, o saber encontra-se  centrado no professor e na sala de aula, o quadro e o giz são os principais recursos disponíveis para se transmitir os conhecimentos organizados. No modelo pedagógico relacional, passa a ser construído o papel central do processo de ensino e aprendizagem e direcionado para o domínio do aluno. Como recursos, são utilizadas as tecnologias de informação e comunicação (TICs), que criam novas possibilidades de aprendizagem, de interação entre professor e aluno. Cria-se um espaço coletivo de construção de conhecimentos, onde é possível aprender com o outro, sendo necessário que o professor diversifique suas estratégias e recursos didáticos. É preciso que o conteúdo seja  recontextualizado de maneira que se torne atraente ao aluno. Os conteúdos no modelo pedagógico de Educação a Distância proposto, pede um trabalho com conteúdos amplos, que podem oportunizar novos ontos de vista e a construção de novos conhecimentos.
É importante lembrar  que a internet é um espaço propenso à aprendizagem desde que se valorize suas principais características que é a dinamicidade e a possibilidade de viabilizar diferentes tipos de comunicação.
Dentre as principais características que se espera de um professor no uso das tecnologias  apontam-se as seguintes condições: adoção de uma postura receptiva e de abertura permanente ao novo; posição crítica na seleção das informações; sintonia com os desafios de cada momento e atenção constante aos processos educativos, tanto quanto aos resultados alcançados; promoção de situações de aprendizagem nas quais a composição dos grupos seja alternada no decorrer das aulas; utilização de recursos de comunicação síncrona e assíncrona, oportunizando aos alunos a participação efetiva, sem que alguns poucos monopolizem a discussão; incentivo ao aluno para que este assuma iniciativa nas atividades, desde que estas contribuam para o crescimento da classe. O professor deve atuar investigando, pesquisando, orientando e criando condições favoráveis às trocas e à cooperação.
Dentro do contexto da Educação a Distância, espera-se que o professor assuma o papel de investigador e pesquisador, oportunizando situações nas quais os alunos possam interagir e construir conhecimentos de forma cooperativa  com os colegas.
A Educação a Distância junto a sua flexibilização esta proporcionando um novo modo de pensar e agir não somente por parte dos alunos, mas também por todos os   envolvidos na EaD. O que propõem os teóricos é que o tutor expanda sua função de orientador e passe a ser um agente ativo no processo de ensino. Para isso, é preciso que os mesmos passem a ter uma visão global dos meios tecnológicos e dos objetos que constituem o ambiente de aprendizagem, especificamente o ambiente virtual.
O desafio da educação é ajudar a desenvolver durante anos, no aluno, a curiosidade, a motivação, o gosto por aprender. Assim compreendemos que as tecnologias podem propiciar a motivação e o interesse pela aprendizagem de muitos alunos, podem contribuir de inúmeras formas para a construção do conhecimento.
Na educação a distância é mais evidente a necessidade de um professor que estimule os alunos, que motive e oriente esses alunos já que devido a Ead proporcionar pouca convivência, há necessidade de um educador que faça o papel do professor presencial.
Surge então o professor/tutor, “um professor pronto para motivar seus alunos, promover a participação, comunicação, interação e conforto de idéias”, (SOEK; HARACEMIV, 2008) e as tecnologias podem auxiliar esse profissional nessas funções. O professor/tutor na EaD é o mediador dos processos de ensino e de aprendizagem e também assume outras funções. O professor/tutor, segundo Andrade: Deve ser visto como um professor à distância, com um papel similar ao professor do ensino presencial, sendo ele responsável por promover a interatividade, pela troca de experiência entre os alunos e por reforçar a comunicação do grupo (ANDRADE, 2009).
Para o mesmo autor, o papel do professor/tutor vai além do processo de mediação de aprendizagem atingido também questões emocionais e motivacionais. Muitas vezes é de responsabilidade do professor/ tutor criar um ambiente acolhedor ao aluno através do uso das tecnologias minimizando distâncias, dando segurança ao aluno para que se envolva ao máximo no processo de busca do conhecimento. O professor/tutor neste contexto desempenha uma tarefa importantíssima porque como comenta Leal (2007) nessa perspectiva de construção de saberes que se articulam no espaço virtual, o Professor/tutor poderá ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a desistência, o desalento, o desencanto pelo saber. Talvez aquele que possibilita a construção coletiva e percorre uma trajetória metodológica desobediente, transgressora de receitas prontas e acabadas construa, de forma participativa com seus alunos novos saberes, novos olhares sobre o real.

Fonte: http://200.17.169.30/congrega2010/revista/artigos
http://www.nuted.ufrgs.br/arquead/professor.html
                                                                     
BLOGS                                                        
(BLOGS ACOMPANHADOS):

Educação a distância facilita acesso de adultos ao ensino

Fonte: http://www.educacaoadistancia.blog.br/educacao-a-distancia-facilita-acesso-de-adultos-ao-ensino/comment-page-2/
O número de analfabetos com mais de 15 anos no Brasil passou de 16,63% para 7,3% da população brasileira. Porém, ainda que tenha havido redução, hoje há 13,9 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, segundo dados do censo 2010 do IBGE. Uma maneira de facilitar a adesão ao ensino é apostar na Educação de Jovens e Adultos (EJA) a distância, que permite que os estudantes organizem os próprios horários.
Entre as instituições disponíveis em São Paulo, está o Centro de Ensino a Distância (Cead), que dá aulas online de ensino médio e de segundo ciclo do Ensino Fundamental (a partir da 5ª série). Com foco no EJA, a escola possibilita ao estudante fazer cada série em seis meses. “O aluno estuda de acordo com a documentação que tem. Se fez o primeiro ano, tem só os próximos dois para cursar”, afirma a coordenadora pedagógica do Cead, Virgínia Torres.
O estudante paga R$ 340 o semestre e cursa uma disciplina por vez. “O aluno administra a própria agenda, mas orientamos para que agrupem os conteúdos por áreas de conhecimento: exatas, humanas e línguas”, afirma Virgínia. A coordenadora conta que a maioria dos alunos chega até a escola para ter uma melhor qualificação dentro do mercado de trabalho.
A carioca Gabriela Moraes, 35 anos, está aproveitando os benefícios do ensino a distância desde março. Dois anos atrás, tentou estudar o Ensino Médio de maneira tradicional, mas teve seu esforço frustrado. Com uma grande carga horária do trabalho, confeccionando figurinos para escolas de samba e shows, foi reprovada por faltas. “Às vezes, saio do serviço às 17h, mas em outras preciso ficar até a meia-noite. Tenho que estar disponível, então deixei o estudo de lado”, diz.
Agora, estudando online, Gabriela consegue manter o ritmo. “Tenho acesso à internet em casa e no trabalho. Então posso tirar uma ou duas horas do meu dia para isso”, comemora. A estudante fez o ensino fundamental, mas teve de começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família. “À distância eu vou conseguir. Mesmo que eu chegue de madrugada, é possível cumprir as tarefas”, afirma.
Assim como Gabriela, outras 99 pessoas cursam o Ensino Médio a distância promovido pela parceria entre a Fundação Trompowsky, o Centro de Estudos de Educação a Distância (Cenad) do Colégio Realengo, no Rio de Janeiro, e a editora Maximus. Pessoas com, no mínimo, 18 anos, que tenham o Ensino Fundamental completo e que vivam no estado fluminense podem se inscrever durante todo o ano. O curso, que compila os três anos em apenas um, é organizado com uma disciplina por vez. Assim, a oferta de vagas é constante e, independentemente de quando inicia, o aluno se forma em 12 meses.
Anália Mol, coordenadora-geral do curso pela Fundação Trompowsky, explica que o caso de Gabriela não é isolado. A maioria dos estudantes que buscou as aulas está há muito tempo sem estudar e busca módulos de educação a distância devido à praticidade e à flexibilidade para estudar. “Aqui, a sua sala de aula está aberta 24 horas por dia. O aluno faz o horário dele”, conta. A mensalidade é de R$ 95,00.
Os únicos dias presenciais são as datas das provas, ao final de cada disciplina, sempre aos sábados, no Polo de Apoio Presencial escolhido pelo aluno no momento da inscrição. Ao todo, são 11 polos, distribuídos em diversos bairros do município do Rio de Janeiro e em outras cidades do Estado, como Itaguaí, Mesquita, Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti.
Cada conselho ou secretaria de educação de cada Estado estipula como tratar a questão do ensino médio a distância, credenciando algumas instituições. Assim, apesar de a internet possibilitar que alunos estudem de qualquer lugar do País, o estudante deve buscar escolas locais
Fonte: noticias.terra.com.br

Internet nas escolas – Pesquisa

Internet nas escolas – Pesquisa

Fonte: http://www.educacaoadistancia.blog.br/internet-nas-escolas-pesquisa/
Agência FAPESP – O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou os resultados da primeira edição da Pesquisa TIC Educação, realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Segundo a pesquisa, 81% das escolas públicas urbanas possuem laboratório de informática. O acesso à internet ocorre a partir desses laboratórios, já que em 86% das escolas entrevistadas os computadores estão conectados à rede.
Para os diretores, professores e coordenadores pedagógicos da amostra, a infraestrutura, no entanto, não é suficiente para o ensino do uso do computador e navegação na internet aos alunos, o que torna a atividade menos frequente.
Segundo os educadores, o fator de limitação para o uso efetivo das tecnologias de informação e comunicação seria o número insuficiente de computadores conectados à internet e a baixa velocidade de conexão.
Fora do ambiente escolar a rede também é um instrumento pouco utilizado para organizar e mediar a comunicação entre professor e aluno e entre os alunos. Apenas 20% dos professores entrevistados utilizam a internet para esse tipo de atividade.
A principal barreira indicada pelos professores, para maior aproveitamento no uso das tecnologias de informação e de comunicação na escola, está relacionada ao seu nível de conhecimento sobre o uso dessas ferramentas. A maioria dos docentes (64%) concorda que os alunos sabem mais sobre computador e internet do que eles.
Os resultados apresentados pela TIC Educação representam a análise dos dados coletados em escolas públicas de áreas urbanas em todas as regiões do Brasil. Para a pesquisa foram entrevistados 1.541 professores, 4.987 alunos, 497 diretores e 428 coordenadores pedagógicos em 497 escolas brasileiras.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A virada na formação – Educação a Distância


O Brasil forma, atualmente, mais professores para a educação infantil e para o fundamental 1 pela via do Ensino a Distância (EAD) do que pela educação presencial. Dos 118.376 estudantes que concluíram essas habilitações em 2009, 65.354 (55%) graduaram-se por EAD, contra 52.842 (45%) egressos da educação presencial, de acordo com números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Esse resultado é inédito e confirma uma tendência já evidenciada na série histórica iniciada em 2005. Daquele ano até 2009, a quantidade de concluintes pelo modelo presencial decresceu, ano a ano, com queda de quase 50% no período (de 103.626 para 52.842). Ao mesmo tempo, a quantidade de formados por EAD cresceu, aproximadamente, 464% (de 11.576 para 65.354).
Também no que diz respeito à quantidade de docentes em exercício na Educação Básica que estavam matriculados em cursos de pedagogia, aqueles oriundos da formação a distância eram maioria em 2009, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Das 192.965 matrículas, 60% eram em EAD. Em outras licenciaturas, letras, matemática, história, a lógica se inverte. Porém, a diferença a favor do presencial varia caso a caso e, em muitos deles, é inexpressiva.
Em números absolutos, o ensino presencial responde pela maioria dos docentes, mas em termos percentuais, ou seja, como tendência, EAD cresce mais. Entre 2000 e 2009, licenciaturas nesse segmento saíram de 1.682 matrículas para 427.730. No presencial, foram de 836.154 para 978.061. Expansão entre 2000 e 2004 e retração de 2005 a 2009.
Outro dado relevante refere-se à evasão (ao analisar a quantidade das matrículas e o número de concluintes). Com base nos dados de 2009, em EAD, 20% dos matriculados se formaram (88.194). No presencial foram 19% (188.807). Os dados de formados se referem aos ingressantes de quatro anos antes.
Universo pantanoso
O fato de termos mais pedagogos e substancial quantidade de professores da Educação Básica graduados integralmente ou obtendo qualificação continuada, mestrado e doutorado a distância exige reflexão. Implica mensurar qual é o crescimento real desse ensino, especialmente, no tangente à licenciatura. Nem entidades civis nem o governo têm acompanhado com precisão essas modificações. Em termos de levantamento quantitativo educacional, relacionado aos docentes, as estatísticas não se consolidam numa instância única. Os estudantes do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB) são de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes. Demais alunos, oriundos do setor particular, assim como egressos dos sistemas estaduais do Ensino Superior, são contabilizados pelo Inep. Cada um dos níveis executivos governamentais tem maneiras distintas de realizar suas verificações com questionários próprios, softwares exclusivos (como a plataforma Paulo Freire) e necessidades particulares de averiguação da informação. O MEC oferece tais dados, mas não há uma mensuração final dos resultados.
A expansão em EAD requer, ainda, verificar quais medidas são adotadas para adequá-la às necessidades dos alunos brasileiros, particularmente, àqueles na graduação, período educacional composto, em tese, por jovens (entre 18 e 24 anos de idade), sem experiência prévia de trabalho, muitas vezes, com formação precária no ensino fundamental. Neste cenário, surgem algumas perguntas: A educação a distância garante uma boa formação pedagógica desses alunos? O país está apto a adotá-la maciçamente como maneira de suprir a carência de professores? E esse professor terá qualidade para educar?
Colaboração
O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão independente, com funções consultivas junto ao MEC emite desde 2008 pareceres ao Ministério para investir em EAD, para combater o déficit docente. Neste ano, o CNE, por meio de uma comissão bicameral, revê as diretrizes da formação de professores em nível superior para atuação na Educação Básica. O trabalho realizado por reuniões mensais entre sete conselheiros das Câmaras de Ensino Básico e Superior tem previsão de término no final de 2011, quando se emitirá um parecer sobre o assunto. O MEC poderá homologá-lo até maio de 2012.
A importância desse modelo de ensino, conferido pelo Conselho, é identificada em outra de suas ações, seu parecer para as novas Diretrizes Curriculares no Ensino Médio, proferido em abril último.
Para Clélia Brandão, presidente da Comissão Bicameral do CNE, o desenvolvimento de EAD na formação dos docentes ou no sistema de ensino é estratégico. “O país precisa para isso de investimento e planejamento integrados entre União, estados e municípios.”
Quando questionada sobre o acompanhamento tanto do professor em sala de aula quanto em seu período de graduação ou especialização, a conselheira diz não haver ferramentas para medir de forma garantida a aprendizagem dos profissionais formados pela via do EAD. “A qualidade precisa ser acompanhada por pais, gestores públicos, pela sociedade”, reforça. Ela lembra, porém, o fato de o Brasil ser federativo, com as secretarias de Educação tendo autonomia para avaliar o desempenho dos professores. “Não há como fazer uma determinação nacional daquilo que é específico de cada estado e município. Uma avaliação nacional nesse tema não sanaria deficiências”, enfatiza.
Daí, sua lembrança sobre a importância dos fóruns estaduais de educação. Na visão dela, locais mais indicados para o acompanhamento da oferta do ensino e qualidade profissional resultante dele. “Os fóruns são os espaços mais legítimos para começar a pensar no acompanhamento da qualidade profissional”, garante. Ela reforça a importância de tais acompanhamentos não serem provas nacionais, e sim instrumentos para resguardar a educação como direito de todos, e a aprendizagem como direito social. Tudo isso tendo em vista diferenças regionais, metas e objetivos planejados.
É desse trabalho de “colaboração” entre os entes federados que devem surgir os melhores instrumentos avaliativos. “Gestores universitários, professores, entre outros, precisam estar nesse processo”, defende. Ainda neste ano, o CNE promoverá o Seminário para a Avaliação do Desempenho na Educação Básica. A data ainda não foi definida.
A falta de supervisão sobre a qualidade do ensino oferecido aos professores foi um dos aspectos realçados por um estudo publicado pela Unesco em 2009. “Professores do Brasil: Impasses e desafios”, coordenado por Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, indicou a incapacidade do governo na fiscalização dos cursos, entre outras conclusões.
Importação arriscada
A via de simplesmente adaptar o que já existe em outros países não é uma solução recomendada para dar o pontapé inicial a esse tipo de fiscalização. Isso porque há vários fatores bastante distintos daqueles que encontramos aqui. Na Finlândia, por exemplo, país que é referência mundial pela qualidade do sistema educacional, a formação docente é mais longa, com no mínimo cinco anos de duração. São atraídos à docência pela valorização profissional existente por lá. Por estatísticas do governo finlandês, a média inicial do salário do professor é de US$ 2.111,00. “Em função desse tipo de diferença entre os países, acho difícil utilizar qualquer modelo aplicado em outros lugares. Isso é tentar comparar coisas incomparáveis”, acredita Clélia.
Para a atual secretária de Educação do Distrito Federal, Regina Vinhaes Gracindo, um modelo de avaliação possível para a questão da qualidade do professor baseia-se em três etapas: na verificação do credenciamento das instituições de ensino superior (locais de oferta dos cursos); nos concursos públicos (competências exigidas pelas secretarias de Educação); e no processo educativo das escolas. “De qualquer maneira, avaliação não deve ser planejada para a emissão de bônus. Não se trata de premiar ou castigar os avaliados, mas aprimorar o professor”, reflete.
No DF, há 28 mil professores no sistema educacional. Desses, mil não têm curso superior. Para modificar essa situação, foram desenvolvidos programas de capacitação para aprimorar as habilidades docentes. A secretária vê com ressalvas a expansão da EAD entre as licenciaturas. “É uma modalidade importante para a formação continuada, mas não para a inicial. Se possível, a primeira graduação deve ser presencial, seja qual for a licenciatura”, diz. O modelo presencial é mais completo por possibilitar maior socialização, estimulando o processo cognitivo e a aprendizagem coletiva, relações menos intensas em EAD, pondera.
Pesquisas sobre o perfil do estudante nas licenciaturas em EAD, no Brasil, são feitas, em grande parte, por universidades particulares ou por pós-graduandos dedicados ao tema. Porém, não há material de investigação acadêmica (ou do governo) conclusivo sobre o perfil desse aluno. Um dos fatores para isso é o crescimento recente da modalidade e o pouco tempo de prática em sala de aula dos formandos. Algumas características dos estudantes que aderem a ela, no entanto, são comuns entre os alunos de licenciaturas e aqueles de outras áreas.
Dificuldades
“No Brasil, EAD se impõe como necessidade, como ocorreu em muitos países”, assegura João Carlos Teatini, diretor de Ensino a Distância da Capes. Essa “necessidade” fundamenta-se, entre outros aspectos, pela dimensão continental do território e pela carência financeira de grande parte da população.
No âmbito das licenciaturas, Teatini indica a alta carga horária do professor em exercício como elemento complicador para aperfeiçoamento em cursos presenciais. “Eles enfrentam dificuldades enormes de deslocamento. Não têm tempo para se qualificar. Essa realidade existe nas metrópoles ou cidades afastadas dos centros urbanos.” Esse seria um dos “fortíssimos” motivos à aplicação de EAD no aprimoramento do docente.
A Capes é a instância responsável pela UAB, iniciativa do governo federal de fomento à modalidade. Suas graduações, basicamente, destinam-se às licenciaturas, para capacitar o professor da Educação Básica, em municípios do interior sem oferta de educação superior pública. Outra ação do governo, o Parfor, está sob a alçada da Capes. Por isso, a posição de Teatini no órgão coloca-o no centro do debate sobre as licenciaturas. Ciente de seu papel, alerta: “Do ponto de vista cronológico, estamos 40 anos atrasados em política pública para EAD ao nos compararmos a outros países” (ver texto na página 32). Nesse hiato, ocorreu um crescimento desenfreado das instituições de ensino superior particulares. Dos atuais professores da Educação Básica, 75% são egressos dessas instituições. “Um dos esforços do governo é conscientizar instituições superiores públicas para se voltarem às licenciaturas, como já fizeram no passado”, enfatiza.
Antes de apontar para um problema específico da modalidade a distância, Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), introduz o tema com a ressalva de que os investimentos em educação são pequenos e que duplicá-los seria o primeiro passo para melhorar a formação.
Lembra, ainda, a urgência de verificar como o governo deseja informatizar as escolas. “Muitas delas sofrem com falta de energia. Em vários casos, a rede elétrica não comporta o computador e, às vezes, por falta de segurança, o computador, lá instalado, é roubado. Estamos longe do uso da tecnologia na perspectiva como se coloca em EAD.”
Acesso remoto
A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) também destaca a necessidade de observar aspectos de infraestrutura para que o ensino a distância possa cumprir seu papel. “Precisamos oferecer banda larga de qualidade nos estados”, pondera Cleuza Repulho, presidente da Undime, para quem as dimensões continentais do Brasil favorecem a modalidade.
Ao exemplificar seu argumento, ela lembra diálogo com representantes educacionais de Abaetetuba (PA), onde se leva, segundo relatos, 15 dias para visitar todas as escolas da área. “A dificuldade deles é imensa. Vamos desconsiderar esses alunos? Esses professores? Ou as universidades se disporão a ir até os lugares mais remotos?”, pergunta.
Apesar de dificuldades técnicas para utilização da internet, o Brasil é o quinto maior país do mundo em conexão à web. E mais: por projeções do Centro de Tecnologia da Fundação Getulio Vargas, até 2012 teremos um computador para cada dois habitantes. Atualmente, há 85 milhões de computadores em uso.
A despeito de ainda serem incipientes os estudos sobre os egressos da formação a distância ou as métricas para avaliação desse graduado, resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) são utilizados por instituições e entidades defensoras do EAD para reafirmar a qualidade de ensino da modalidade.
Em 2010, a maior nota do Enade, 80,3 pontos, foi alcançada por Antônio Edijalma Rocha Júnior, do curso a distância de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial, do Grupo Educacional Uninter. Bem acima da média geral do teste, 45 pontos. Outros levantamentos do Inep apontaram, também, que estudantes em EAD saíram-se melhor em sete de 13 áreas possíveis de comparação entre as modalidades, entre elas biologia, geografia e matemática. Ainda a título de comparação, o Inep analisou, em anos anteriores, o desempenho no Enade dos formandos em EAD e presencial em administração, matemática, pedagogia e serviço social. No geral, o resultado dos egressos da educação a distância foi 6,7 pontos superior ao dos alunos de cursos presenciais.
Para o presidente do Instituto de Pesquisa e Administração da Educação (Ipae), João Roberto Moreira Alves, os resultados do Enade são indicativos de qualidade do ensino, mas são incompletos. “Os alunos que fazem o exame precisariam ter mais comprometimento.” Segundo ele, muitos se submetem ao exame apenas para cumprir uma obrigação, sem compromisso de ter um bom desempenho.
Prática
A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) é responsável pela supervisão dos cursos da modalidade a distância nas instituições superiores. Criada no início deste ano, absorveu atribuições que antes eram das secretarias de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), de Educação Superior (Sesu) e de Educação a Distância (SEED), essa extinta no começo do ano.
Como os processos de regulação, supervisão e credenciamento das instituições em EAD são relativamente recentes, apenas três instituições foram descredenciadas pelo MEC por não atenderem às condições exigidas de ensino ou funcionamento. Até 2008, de acordo com a Seres, o MEC se concentrou na regulação (credenciamento e autorização de cursos). A supervisão foi iniciada a partir de então, e as instituições supervisionadas foram aquelas com maior número de alunos ou com denúncias significativas. Ou seja, nestes três últimos anos passaram por supervisão 40 instituições. Foram assinados 18 termos de saneamento, ajustes na oferta do ensino e gestão da instituição. Foram fechados 3.800 polos de apoio presencial e extinguiram-se mais de 20 mil vagas de ingresso.
Nessa discussão, Cezar Nunes, pesquisador da Fundação de Apoio à Faculdade de Educação da USP (Fafe), agrega outro ponto de reflexão: o fato de o país não ter estabelecido práticas de como os graduandos possam utilizar ferramentas tecnológicas para explorar o conteúdo educacional a ser ensinado nas licenciaturas em EAD. “Fazemos uma formação específica de professores, mas eles não trabalharão a distância. Estarão no presencial, porque assim é a nossa Educação Básica”, pondera.
A educação desenvolve diversas habilidades humanas como a colaboração, pensamento crítico, pesquisas. “Daí a tecnologia ser forte aliada para dinamizar o processo de aprendizagem. Mas essa prática precisa ser mostrada aos professores em sua formação”, adverte.
Fonte: revistaeducacao.uol.com.br