domingo, 21 de agosto de 2011

Professor X Aluno

 

De um lado um...
Do outro, o outro.
De um lado um...
Do outro alguém.
De um lado um...
Do outro, quem sabe?
Pensamentos diferentes...
Objetivos iguais
Trilhar o mesmo caminho,
Percorrendo caminhos diferentes.
Um é espelho...
O outro também.
Um é contato...
O outro também
Um é comunicação...
O outro também.
Um é tradução...
O outro também.
Às vezes um é ensino
E o outro, aprendizagem...
Às vezes um é aprendizagem
E o outro, ensino...
Ambos em processo.
Fonte: (Edione Maria Lazzari, 2008)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A importância do aluno e do professor na Educação a Distância


A educação a distância  tornou-se uma solução para grande parte dos brasileiros, pela sua praticidade e flexibilidades no tempo. Alunos que vivem em locais distantes dos grandes centros, a EaD se torna uma aliada na busca de conhecimentos e melhorias na área profissional, visando boas oportunidades no mercado.
A educação a distância nos dias atuais ajudará muito as pessoas que não puderam estudar na época certa. Vale lembrar que a EAD exige muito empenho do aluno, pois ele precisará ter uma disciplina de estudos para poder acompanhar, então acredito que a EAD a partir do ensino médio fará com que muitas pessoas que trabalham em turnos poderão voltar a estudar.
A educação a distância tem quase 1 milhão de estudantes na graduação no país e esta é uma oportunidade para quem não tem um horário fixo ou está longe das instituições de ensino, além dos cursos a distância terem um custo inferior cerca de 40% a 50% à modalidade presencial. O perfil nem sempre é o aluno de baixa renda, com mais de 30 anos, com família e filhos, sabemos que são a maioria. A qualidade da educação a distância é igual ou superior à modalidade presencial. A grande discriminação vem de órgãos públicos como o CFESS (Conselho Federal de Serviço Social), que lançou uma campanha chamada “Educação não é Fast Food”, contra o ensino a distância. Temos problemas que devem ser resolvidos, mas não podemos discriminar os alunos que escolhem essa modalidade. A qualidade da EaD é a mesma, pois os cursos são fiscalizados pelo Ministério da Educação e Cultura, a avaliação que é feita nos cursos presenciais é a mesma nos cursos EaD.  Acredito que a aprendizagem depende do esforço do aluno, pois ele precisa se dedicar naquilo que irá aprender tanto da educação a distância como presencial. A EaD já é uma realidade que está dando muito certo, e as Instituições de Ensino Superior estão cada dia mais se interessando e abrindo cursos na modalidade EaD.
Uma das necessidades mais importantes quando se trata de Educação a distância é a necessidade de se discutir sobre o papel do professor e do aluno e as relações destes  nesta modalidade de educação a distância. Um dos aspectos é a necessidade do professor interessado em atuar na EAD estar a par das discussões sobre os rumos da educação e da mudança de paradigma que a EaD está provocando.
Neste novo paradigma, a aprendizagem está sendo ressignificada passando a compreender um processo de construção e de re-construção das práticas educativas e de  tomada de consciência do sujeito que precisa agir sobre o que está sendo aprendido
Na educação tradicional, o saber encontra-se  centrado no professor e na sala de aula, o quadro e o giz são os principais recursos disponíveis para se transmitir os conhecimentos organizados. No modelo pedagógico relacional, passa a ser construído o papel central do processo de ensino e aprendizagem e direcionado para o domínio do aluno. Como recursos, são utilizadas as tecnologias de informação e comunicação (TICs), que criam novas possibilidades de aprendizagem, de interação entre professor e aluno. Cria-se um espaço coletivo de construção de conhecimentos, onde é possível aprender com o outro, sendo necessário que o professor diversifique suas estratégias e recursos didáticos. É preciso que o conteúdo seja  recontextualizado de maneira que se torne atraente ao aluno. Os conteúdos no modelo pedagógico de Educação a Distância proposto, pede um trabalho com conteúdos amplos, que podem oportunizar novos ontos de vista e a construção de novos conhecimentos.
É importante lembrar  que a internet é um espaço propenso à aprendizagem desde que se valorize suas principais características que é a dinamicidade e a possibilidade de viabilizar diferentes tipos de comunicação.
Dentre as principais características que se espera de um professor no uso das tecnologias  apontam-se as seguintes condições: adoção de uma postura receptiva e de abertura permanente ao novo; posição crítica na seleção das informações; sintonia com os desafios de cada momento e atenção constante aos processos educativos, tanto quanto aos resultados alcançados; promoção de situações de aprendizagem nas quais a composição dos grupos seja alternada no decorrer das aulas; utilização de recursos de comunicação síncrona e assíncrona, oportunizando aos alunos a participação efetiva, sem que alguns poucos monopolizem a discussão; incentivo ao aluno para que este assuma iniciativa nas atividades, desde que estas contribuam para o crescimento da classe. O professor deve atuar investigando, pesquisando, orientando e criando condições favoráveis às trocas e à cooperação.
Dentro do contexto da Educação a Distância, espera-se que o professor assuma o papel de investigador e pesquisador, oportunizando situações nas quais os alunos possam interagir e construir conhecimentos de forma cooperativa  com os colegas.
A Educação a Distância junto a sua flexibilização esta proporcionando um novo modo de pensar e agir não somente por parte dos alunos, mas também por todos os   envolvidos na EaD. O que propõem os teóricos é que o tutor expanda sua função de orientador e passe a ser um agente ativo no processo de ensino. Para isso, é preciso que os mesmos passem a ter uma visão global dos meios tecnológicos e dos objetos que constituem o ambiente de aprendizagem, especificamente o ambiente virtual.
O desafio da educação é ajudar a desenvolver durante anos, no aluno, a curiosidade, a motivação, o gosto por aprender. Assim compreendemos que as tecnologias podem propiciar a motivação e o interesse pela aprendizagem de muitos alunos, podem contribuir de inúmeras formas para a construção do conhecimento.
Na educação a distância é mais evidente a necessidade de um professor que estimule os alunos, que motive e oriente esses alunos já que devido a Ead proporcionar pouca convivência, há necessidade de um educador que faça o papel do professor presencial.
Surge então o professor/tutor, “um professor pronto para motivar seus alunos, promover a participação, comunicação, interação e conforto de idéias”, (SOEK; HARACEMIV, 2008) e as tecnologias podem auxiliar esse profissional nessas funções. O professor/tutor na EaD é o mediador dos processos de ensino e de aprendizagem e também assume outras funções. O professor/tutor, segundo Andrade: Deve ser visto como um professor à distância, com um papel similar ao professor do ensino presencial, sendo ele responsável por promover a interatividade, pela troca de experiência entre os alunos e por reforçar a comunicação do grupo (ANDRADE, 2009).
Para o mesmo autor, o papel do professor/tutor vai além do processo de mediação de aprendizagem atingido também questões emocionais e motivacionais. Muitas vezes é de responsabilidade do professor/ tutor criar um ambiente acolhedor ao aluno através do uso das tecnologias minimizando distâncias, dando segurança ao aluno para que se envolva ao máximo no processo de busca do conhecimento. O professor/tutor neste contexto desempenha uma tarefa importantíssima porque como comenta Leal (2007) nessa perspectiva de construção de saberes que se articulam no espaço virtual, o Professor/tutor poderá ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a desistência, o desalento, o desencanto pelo saber. Talvez aquele que possibilita a construção coletiva e percorre uma trajetória metodológica desobediente, transgressora de receitas prontas e acabadas construa, de forma participativa com seus alunos novos saberes, novos olhares sobre o real.

Fonte: http://200.17.169.30/congrega2010/revista/artigos
http://www.nuted.ufrgs.br/arquead/professor.html
                                                                     
BLOGS                                                        
(BLOGS ACOMPANHADOS):

Educação a distância facilita acesso de adultos ao ensino

Fonte: http://www.educacaoadistancia.blog.br/educacao-a-distancia-facilita-acesso-de-adultos-ao-ensino/comment-page-2/
O número de analfabetos com mais de 15 anos no Brasil passou de 16,63% para 7,3% da população brasileira. Porém, ainda que tenha havido redução, hoje há 13,9 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, segundo dados do censo 2010 do IBGE. Uma maneira de facilitar a adesão ao ensino é apostar na Educação de Jovens e Adultos (EJA) a distância, que permite que os estudantes organizem os próprios horários.
Entre as instituições disponíveis em São Paulo, está o Centro de Ensino a Distância (Cead), que dá aulas online de ensino médio e de segundo ciclo do Ensino Fundamental (a partir da 5ª série). Com foco no EJA, a escola possibilita ao estudante fazer cada série em seis meses. “O aluno estuda de acordo com a documentação que tem. Se fez o primeiro ano, tem só os próximos dois para cursar”, afirma a coordenadora pedagógica do Cead, Virgínia Torres.
O estudante paga R$ 340 o semestre e cursa uma disciplina por vez. “O aluno administra a própria agenda, mas orientamos para que agrupem os conteúdos por áreas de conhecimento: exatas, humanas e línguas”, afirma Virgínia. A coordenadora conta que a maioria dos alunos chega até a escola para ter uma melhor qualificação dentro do mercado de trabalho.
A carioca Gabriela Moraes, 35 anos, está aproveitando os benefícios do ensino a distância desde março. Dois anos atrás, tentou estudar o Ensino Médio de maneira tradicional, mas teve seu esforço frustrado. Com uma grande carga horária do trabalho, confeccionando figurinos para escolas de samba e shows, foi reprovada por faltas. “Às vezes, saio do serviço às 17h, mas em outras preciso ficar até a meia-noite. Tenho que estar disponível, então deixei o estudo de lado”, diz.
Agora, estudando online, Gabriela consegue manter o ritmo. “Tenho acesso à internet em casa e no trabalho. Então posso tirar uma ou duas horas do meu dia para isso”, comemora. A estudante fez o ensino fundamental, mas teve de começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família. “À distância eu vou conseguir. Mesmo que eu chegue de madrugada, é possível cumprir as tarefas”, afirma.
Assim como Gabriela, outras 99 pessoas cursam o Ensino Médio a distância promovido pela parceria entre a Fundação Trompowsky, o Centro de Estudos de Educação a Distância (Cenad) do Colégio Realengo, no Rio de Janeiro, e a editora Maximus. Pessoas com, no mínimo, 18 anos, que tenham o Ensino Fundamental completo e que vivam no estado fluminense podem se inscrever durante todo o ano. O curso, que compila os três anos em apenas um, é organizado com uma disciplina por vez. Assim, a oferta de vagas é constante e, independentemente de quando inicia, o aluno se forma em 12 meses.
Anália Mol, coordenadora-geral do curso pela Fundação Trompowsky, explica que o caso de Gabriela não é isolado. A maioria dos estudantes que buscou as aulas está há muito tempo sem estudar e busca módulos de educação a distância devido à praticidade e à flexibilidade para estudar. “Aqui, a sua sala de aula está aberta 24 horas por dia. O aluno faz o horário dele”, conta. A mensalidade é de R$ 95,00.
Os únicos dias presenciais são as datas das provas, ao final de cada disciplina, sempre aos sábados, no Polo de Apoio Presencial escolhido pelo aluno no momento da inscrição. Ao todo, são 11 polos, distribuídos em diversos bairros do município do Rio de Janeiro e em outras cidades do Estado, como Itaguaí, Mesquita, Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti.
Cada conselho ou secretaria de educação de cada Estado estipula como tratar a questão do ensino médio a distância, credenciando algumas instituições. Assim, apesar de a internet possibilitar que alunos estudem de qualquer lugar do País, o estudante deve buscar escolas locais
Fonte: noticias.terra.com.br

Internet nas escolas – Pesquisa

Internet nas escolas – Pesquisa

Fonte: http://www.educacaoadistancia.blog.br/internet-nas-escolas-pesquisa/
Agência FAPESP – O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou os resultados da primeira edição da Pesquisa TIC Educação, realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Segundo a pesquisa, 81% das escolas públicas urbanas possuem laboratório de informática. O acesso à internet ocorre a partir desses laboratórios, já que em 86% das escolas entrevistadas os computadores estão conectados à rede.
Para os diretores, professores e coordenadores pedagógicos da amostra, a infraestrutura, no entanto, não é suficiente para o ensino do uso do computador e navegação na internet aos alunos, o que torna a atividade menos frequente.
Segundo os educadores, o fator de limitação para o uso efetivo das tecnologias de informação e comunicação seria o número insuficiente de computadores conectados à internet e a baixa velocidade de conexão.
Fora do ambiente escolar a rede também é um instrumento pouco utilizado para organizar e mediar a comunicação entre professor e aluno e entre os alunos. Apenas 20% dos professores entrevistados utilizam a internet para esse tipo de atividade.
A principal barreira indicada pelos professores, para maior aproveitamento no uso das tecnologias de informação e de comunicação na escola, está relacionada ao seu nível de conhecimento sobre o uso dessas ferramentas. A maioria dos docentes (64%) concorda que os alunos sabem mais sobre computador e internet do que eles.
Os resultados apresentados pela TIC Educação representam a análise dos dados coletados em escolas públicas de áreas urbanas em todas as regiões do Brasil. Para a pesquisa foram entrevistados 1.541 professores, 4.987 alunos, 497 diretores e 428 coordenadores pedagógicos em 497 escolas brasileiras.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A virada na formação – Educação a Distância


O Brasil forma, atualmente, mais professores para a educação infantil e para o fundamental 1 pela via do Ensino a Distância (EAD) do que pela educação presencial. Dos 118.376 estudantes que concluíram essas habilitações em 2009, 65.354 (55%) graduaram-se por EAD, contra 52.842 (45%) egressos da educação presencial, de acordo com números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Esse resultado é inédito e confirma uma tendência já evidenciada na série histórica iniciada em 2005. Daquele ano até 2009, a quantidade de concluintes pelo modelo presencial decresceu, ano a ano, com queda de quase 50% no período (de 103.626 para 52.842). Ao mesmo tempo, a quantidade de formados por EAD cresceu, aproximadamente, 464% (de 11.576 para 65.354).
Também no que diz respeito à quantidade de docentes em exercício na Educação Básica que estavam matriculados em cursos de pedagogia, aqueles oriundos da formação a distância eram maioria em 2009, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Das 192.965 matrículas, 60% eram em EAD. Em outras licenciaturas, letras, matemática, história, a lógica se inverte. Porém, a diferença a favor do presencial varia caso a caso e, em muitos deles, é inexpressiva.
Em números absolutos, o ensino presencial responde pela maioria dos docentes, mas em termos percentuais, ou seja, como tendência, EAD cresce mais. Entre 2000 e 2009, licenciaturas nesse segmento saíram de 1.682 matrículas para 427.730. No presencial, foram de 836.154 para 978.061. Expansão entre 2000 e 2004 e retração de 2005 a 2009.
Outro dado relevante refere-se à evasão (ao analisar a quantidade das matrículas e o número de concluintes). Com base nos dados de 2009, em EAD, 20% dos matriculados se formaram (88.194). No presencial foram 19% (188.807). Os dados de formados se referem aos ingressantes de quatro anos antes.
Universo pantanoso
O fato de termos mais pedagogos e substancial quantidade de professores da Educação Básica graduados integralmente ou obtendo qualificação continuada, mestrado e doutorado a distância exige reflexão. Implica mensurar qual é o crescimento real desse ensino, especialmente, no tangente à licenciatura. Nem entidades civis nem o governo têm acompanhado com precisão essas modificações. Em termos de levantamento quantitativo educacional, relacionado aos docentes, as estatísticas não se consolidam numa instância única. Os estudantes do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB) são de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes. Demais alunos, oriundos do setor particular, assim como egressos dos sistemas estaduais do Ensino Superior, são contabilizados pelo Inep. Cada um dos níveis executivos governamentais tem maneiras distintas de realizar suas verificações com questionários próprios, softwares exclusivos (como a plataforma Paulo Freire) e necessidades particulares de averiguação da informação. O MEC oferece tais dados, mas não há uma mensuração final dos resultados.
A expansão em EAD requer, ainda, verificar quais medidas são adotadas para adequá-la às necessidades dos alunos brasileiros, particularmente, àqueles na graduação, período educacional composto, em tese, por jovens (entre 18 e 24 anos de idade), sem experiência prévia de trabalho, muitas vezes, com formação precária no ensino fundamental. Neste cenário, surgem algumas perguntas: A educação a distância garante uma boa formação pedagógica desses alunos? O país está apto a adotá-la maciçamente como maneira de suprir a carência de professores? E esse professor terá qualidade para educar?
Colaboração
O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão independente, com funções consultivas junto ao MEC emite desde 2008 pareceres ao Ministério para investir em EAD, para combater o déficit docente. Neste ano, o CNE, por meio de uma comissão bicameral, revê as diretrizes da formação de professores em nível superior para atuação na Educação Básica. O trabalho realizado por reuniões mensais entre sete conselheiros das Câmaras de Ensino Básico e Superior tem previsão de término no final de 2011, quando se emitirá um parecer sobre o assunto. O MEC poderá homologá-lo até maio de 2012.
A importância desse modelo de ensino, conferido pelo Conselho, é identificada em outra de suas ações, seu parecer para as novas Diretrizes Curriculares no Ensino Médio, proferido em abril último.
Para Clélia Brandão, presidente da Comissão Bicameral do CNE, o desenvolvimento de EAD na formação dos docentes ou no sistema de ensino é estratégico. “O país precisa para isso de investimento e planejamento integrados entre União, estados e municípios.”
Quando questionada sobre o acompanhamento tanto do professor em sala de aula quanto em seu período de graduação ou especialização, a conselheira diz não haver ferramentas para medir de forma garantida a aprendizagem dos profissionais formados pela via do EAD. “A qualidade precisa ser acompanhada por pais, gestores públicos, pela sociedade”, reforça. Ela lembra, porém, o fato de o Brasil ser federativo, com as secretarias de Educação tendo autonomia para avaliar o desempenho dos professores. “Não há como fazer uma determinação nacional daquilo que é específico de cada estado e município. Uma avaliação nacional nesse tema não sanaria deficiências”, enfatiza.
Daí, sua lembrança sobre a importância dos fóruns estaduais de educação. Na visão dela, locais mais indicados para o acompanhamento da oferta do ensino e qualidade profissional resultante dele. “Os fóruns são os espaços mais legítimos para começar a pensar no acompanhamento da qualidade profissional”, garante. Ela reforça a importância de tais acompanhamentos não serem provas nacionais, e sim instrumentos para resguardar a educação como direito de todos, e a aprendizagem como direito social. Tudo isso tendo em vista diferenças regionais, metas e objetivos planejados.
É desse trabalho de “colaboração” entre os entes federados que devem surgir os melhores instrumentos avaliativos. “Gestores universitários, professores, entre outros, precisam estar nesse processo”, defende. Ainda neste ano, o CNE promoverá o Seminário para a Avaliação do Desempenho na Educação Básica. A data ainda não foi definida.
A falta de supervisão sobre a qualidade do ensino oferecido aos professores foi um dos aspectos realçados por um estudo publicado pela Unesco em 2009. “Professores do Brasil: Impasses e desafios”, coordenado por Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, indicou a incapacidade do governo na fiscalização dos cursos, entre outras conclusões.
Importação arriscada
A via de simplesmente adaptar o que já existe em outros países não é uma solução recomendada para dar o pontapé inicial a esse tipo de fiscalização. Isso porque há vários fatores bastante distintos daqueles que encontramos aqui. Na Finlândia, por exemplo, país que é referência mundial pela qualidade do sistema educacional, a formação docente é mais longa, com no mínimo cinco anos de duração. São atraídos à docência pela valorização profissional existente por lá. Por estatísticas do governo finlandês, a média inicial do salário do professor é de US$ 2.111,00. “Em função desse tipo de diferença entre os países, acho difícil utilizar qualquer modelo aplicado em outros lugares. Isso é tentar comparar coisas incomparáveis”, acredita Clélia.
Para a atual secretária de Educação do Distrito Federal, Regina Vinhaes Gracindo, um modelo de avaliação possível para a questão da qualidade do professor baseia-se em três etapas: na verificação do credenciamento das instituições de ensino superior (locais de oferta dos cursos); nos concursos públicos (competências exigidas pelas secretarias de Educação); e no processo educativo das escolas. “De qualquer maneira, avaliação não deve ser planejada para a emissão de bônus. Não se trata de premiar ou castigar os avaliados, mas aprimorar o professor”, reflete.
No DF, há 28 mil professores no sistema educacional. Desses, mil não têm curso superior. Para modificar essa situação, foram desenvolvidos programas de capacitação para aprimorar as habilidades docentes. A secretária vê com ressalvas a expansão da EAD entre as licenciaturas. “É uma modalidade importante para a formação continuada, mas não para a inicial. Se possível, a primeira graduação deve ser presencial, seja qual for a licenciatura”, diz. O modelo presencial é mais completo por possibilitar maior socialização, estimulando o processo cognitivo e a aprendizagem coletiva, relações menos intensas em EAD, pondera.
Pesquisas sobre o perfil do estudante nas licenciaturas em EAD, no Brasil, são feitas, em grande parte, por universidades particulares ou por pós-graduandos dedicados ao tema. Porém, não há material de investigação acadêmica (ou do governo) conclusivo sobre o perfil desse aluno. Um dos fatores para isso é o crescimento recente da modalidade e o pouco tempo de prática em sala de aula dos formandos. Algumas características dos estudantes que aderem a ela, no entanto, são comuns entre os alunos de licenciaturas e aqueles de outras áreas.
Dificuldades
“No Brasil, EAD se impõe como necessidade, como ocorreu em muitos países”, assegura João Carlos Teatini, diretor de Ensino a Distância da Capes. Essa “necessidade” fundamenta-se, entre outros aspectos, pela dimensão continental do território e pela carência financeira de grande parte da população.
No âmbito das licenciaturas, Teatini indica a alta carga horária do professor em exercício como elemento complicador para aperfeiçoamento em cursos presenciais. “Eles enfrentam dificuldades enormes de deslocamento. Não têm tempo para se qualificar. Essa realidade existe nas metrópoles ou cidades afastadas dos centros urbanos.” Esse seria um dos “fortíssimos” motivos à aplicação de EAD no aprimoramento do docente.
A Capes é a instância responsável pela UAB, iniciativa do governo federal de fomento à modalidade. Suas graduações, basicamente, destinam-se às licenciaturas, para capacitar o professor da Educação Básica, em municípios do interior sem oferta de educação superior pública. Outra ação do governo, o Parfor, está sob a alçada da Capes. Por isso, a posição de Teatini no órgão coloca-o no centro do debate sobre as licenciaturas. Ciente de seu papel, alerta: “Do ponto de vista cronológico, estamos 40 anos atrasados em política pública para EAD ao nos compararmos a outros países” (ver texto na página 32). Nesse hiato, ocorreu um crescimento desenfreado das instituições de ensino superior particulares. Dos atuais professores da Educação Básica, 75% são egressos dessas instituições. “Um dos esforços do governo é conscientizar instituições superiores públicas para se voltarem às licenciaturas, como já fizeram no passado”, enfatiza.
Antes de apontar para um problema específico da modalidade a distância, Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), introduz o tema com a ressalva de que os investimentos em educação são pequenos e que duplicá-los seria o primeiro passo para melhorar a formação.
Lembra, ainda, a urgência de verificar como o governo deseja informatizar as escolas. “Muitas delas sofrem com falta de energia. Em vários casos, a rede elétrica não comporta o computador e, às vezes, por falta de segurança, o computador, lá instalado, é roubado. Estamos longe do uso da tecnologia na perspectiva como se coloca em EAD.”
Acesso remoto
A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) também destaca a necessidade de observar aspectos de infraestrutura para que o ensino a distância possa cumprir seu papel. “Precisamos oferecer banda larga de qualidade nos estados”, pondera Cleuza Repulho, presidente da Undime, para quem as dimensões continentais do Brasil favorecem a modalidade.
Ao exemplificar seu argumento, ela lembra diálogo com representantes educacionais de Abaetetuba (PA), onde se leva, segundo relatos, 15 dias para visitar todas as escolas da área. “A dificuldade deles é imensa. Vamos desconsiderar esses alunos? Esses professores? Ou as universidades se disporão a ir até os lugares mais remotos?”, pergunta.
Apesar de dificuldades técnicas para utilização da internet, o Brasil é o quinto maior país do mundo em conexão à web. E mais: por projeções do Centro de Tecnologia da Fundação Getulio Vargas, até 2012 teremos um computador para cada dois habitantes. Atualmente, há 85 milhões de computadores em uso.
A despeito de ainda serem incipientes os estudos sobre os egressos da formação a distância ou as métricas para avaliação desse graduado, resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) são utilizados por instituições e entidades defensoras do EAD para reafirmar a qualidade de ensino da modalidade.
Em 2010, a maior nota do Enade, 80,3 pontos, foi alcançada por Antônio Edijalma Rocha Júnior, do curso a distância de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial, do Grupo Educacional Uninter. Bem acima da média geral do teste, 45 pontos. Outros levantamentos do Inep apontaram, também, que estudantes em EAD saíram-se melhor em sete de 13 áreas possíveis de comparação entre as modalidades, entre elas biologia, geografia e matemática. Ainda a título de comparação, o Inep analisou, em anos anteriores, o desempenho no Enade dos formandos em EAD e presencial em administração, matemática, pedagogia e serviço social. No geral, o resultado dos egressos da educação a distância foi 6,7 pontos superior ao dos alunos de cursos presenciais.
Para o presidente do Instituto de Pesquisa e Administração da Educação (Ipae), João Roberto Moreira Alves, os resultados do Enade são indicativos de qualidade do ensino, mas são incompletos. “Os alunos que fazem o exame precisariam ter mais comprometimento.” Segundo ele, muitos se submetem ao exame apenas para cumprir uma obrigação, sem compromisso de ter um bom desempenho.
Prática
A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) é responsável pela supervisão dos cursos da modalidade a distância nas instituições superiores. Criada no início deste ano, absorveu atribuições que antes eram das secretarias de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), de Educação Superior (Sesu) e de Educação a Distância (SEED), essa extinta no começo do ano.
Como os processos de regulação, supervisão e credenciamento das instituições em EAD são relativamente recentes, apenas três instituições foram descredenciadas pelo MEC por não atenderem às condições exigidas de ensino ou funcionamento. Até 2008, de acordo com a Seres, o MEC se concentrou na regulação (credenciamento e autorização de cursos). A supervisão foi iniciada a partir de então, e as instituições supervisionadas foram aquelas com maior número de alunos ou com denúncias significativas. Ou seja, nestes três últimos anos passaram por supervisão 40 instituições. Foram assinados 18 termos de saneamento, ajustes na oferta do ensino e gestão da instituição. Foram fechados 3.800 polos de apoio presencial e extinguiram-se mais de 20 mil vagas de ingresso.
Nessa discussão, Cezar Nunes, pesquisador da Fundação de Apoio à Faculdade de Educação da USP (Fafe), agrega outro ponto de reflexão: o fato de o país não ter estabelecido práticas de como os graduandos possam utilizar ferramentas tecnológicas para explorar o conteúdo educacional a ser ensinado nas licenciaturas em EAD. “Fazemos uma formação específica de professores, mas eles não trabalharão a distância. Estarão no presencial, porque assim é a nossa Educação Básica”, pondera.
A educação desenvolve diversas habilidades humanas como a colaboração, pensamento crítico, pesquisas. “Daí a tecnologia ser forte aliada para dinamizar o processo de aprendizagem. Mas essa prática precisa ser mostrada aos professores em sua formação”, adverte.
Fonte: revistaeducacao.uol.com.br

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

João Mattar fala sobre as características e os desafios da EAD no Brasil


Pesquisador especializado em tecnologia da educação e um dos principais nomes da Educação a Distância (EaD) no país, João Mattar, colaborador do Portal Educação, esteve na empresa para conversar com os diretores sobre novos métodos de trabalho e novos conceitos ligados a EaD.
Não deixamos a oportunidade passar e fizemos uma breve entrevista com o especialista, abordando questões que interessam a qualquer pessoa que já pensou, pensa, ou pensará em fazer um curso a distância. Ele também fala sobre desafios na educação presencial. Vale a pena conferir e conhecer melhor o cenário da EaD no país.
Como está a confiança das pessoas em relação a educação a distância?
Tem melhorado ano a ano. O Governo Federal tem investido na formação dos professores a distância. Hoje nós temos a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que já garante uma legitimidade, por ser o governo apoiando. Tem muita empresa de fora oferecendo cursos e a gente vê que o movimento é no mundo todo, e não só no Brasil. Além disso, uma coisa importante é que toda universidade pode oferecer 20% das disciplinas à distância. No começo, pouquíssimas faziam isso, e hoje está generalizado. Todo mundo que vai fazer faculdade presencial provavelmente terá alguns cursos à distância. Isso tudo vai aumentando a confiança das pessoas.
Tem aumentado a exigência para profissionais que estão entrando no setor de EaD?
Isso é um problema ainda, na verdade é um dos gargalos da história. Nós temos muito professor atuando em EaD sem formação adequada. No começo, não existia ninguém formado em educação a distância no Brasil. Começou com alguns pioneiros, que fizeram o curso fora do país. Aí entra o trabalho da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que é usar a educação a distância para formar professores que, a princípio, são presenciais. Usa-se a educação a distância porque, pela educação presencial, não conseguiríamos formar o número de professores necessários nas salas de aula. A formação de professores de educação a distância é um problema ainda. O governo não faz isso bem. Algumas instituições privadas ou públicas oferecem alguns cursos, mas é pouco ainda, não temos tradição. Precisamos de mão de obra para ser reconhecida como referência de autoridades.
E o reconhecimento para profissionais formados por EaD, como está?
O Ministério da Educação (MEC) não permite que o diploma venha escrito “educação a distância”. Então, a princípio, nem sei como é feita essa mensuração porque, se a pessoa está com diploma e ninguém pergunta nada, ela é formada e pronto. Não se pode dizer que ela é formada em EaD. Sei que alguns Conselhos profissionais não aceitam o profissional formado em EaD. Mas as estatísticas mostram que tem diminuído muito a resistência. Até porque muita gente que faz curso presencial faz disciplinas a distância, e muita gente que faz cursos a distância tem encontros presenciais. Então a tendência é que não exista mais uma separação tão clara entre presencial e a distância. Se a pessoa teve uma formação presencial ou a distância, isso não vai fazer muita diferença. O mercado não vai medir isso.
Há um novo perfil de aluno de EaD surgindo?
A gente costuma dizer que sim, que o aluno tem que ser mais autônomo, mais auto-organizado, pois não tem um professor para cobrar, aula para ir. Mas isso não significa que o aluno não pode se adaptar. Na verdade, as pessoas se adaptam com facilidade a essas características exigidas, se elas são treinadas. Muitos cursos à distância, e esta é a pratica ideal, transformam a pessoa que está entrando em um aluno a distância antes e, depois disso, ele começa a fazer matérias. Preparação, desenvolver autodisciplina, acho que tudo pode ser desenvolvido. Levando isso em consideração, pode-se dizer que o perfil do aluno que sai é diferente, porque ele foi preparado para isso.
Vamos falar um pouco de novas tecnologias. Elas estão ganhando espaço na EaD?
Sim. Mas há um modelo de EaD que defende que devemos usar pouca tecnologia, só o mínimo. Ainda tem gente que defende o minimalismo tecnológico, que faz EaD de muito boa qualidade por lista de e-mail. Muita gente adora, dá certo. O outro modelo já não, utiliza bastante tecnologia: fóruns, chats, ambientes virtuais de aprendizagem, videoconferência, móbile, dispositivos móveis, mundos tridimensionais. O que realmente faz falta, tanto na EaD quanto na educação presencial, é a aplicação da tecnologia educacional. Nós temos um grande desafio, que é treinar os professores para usarem essas tecnologias, tanto na educação a distância quanto na presencial.
A tecnologia acaba sendo mais presente na EaD do que na educação presencial? A EaD depende de tecnologia?
Sim. Mas ambos os sistemas necessitam de tecnologia. Algumas pessoas falam que na EaD, pela distância, é necessária a utilização de mais meios tecnológicos. Mas é só no Brasil que isso acontece. Fora do Brasil, a “education tecnology” é um campo de estudos riquíssimo e não tem distinções quanto ao ensino presencial e a distância. Na EaD, é natural a utilização da tecnologia. Mas na presencial é um desafio muito grande porque depende de modificações em uma cultura enraizada.
Quais os maiores desafios para a área de EaD?
Formação de profissionais para atuar em educação a distância. A maioria dos tutores não tem formação em EaD. Faltam cursos de pós-graduação, especialização, treinamento para os profissionais trabalharem com design instrucional.
E também tem o problema dos modelos. O modelo que impera no Brasil é o autoinstrucional, em que o aluno estuda sozinho e faz uma prova no final. Existem modelos que são opostos a esse, são modelos interativos. A gente caminhou para um modelo que dispensa a presença do professor. Eu acho isso um grande problema. Para cursos rápidos, sem problemas. Agora, numa graduação, numa pós-graduação isso não é aceitável. Existem modelos com interação e a gente não caminhou para isso no Brasil. Vai ser muito difícil reverter a situação, porque hábitos não se mudam rapidamente, e a gente caminhou para modelos em que se aposta muito pouco na figura do professor e se baseia na figura do aluno estudando sozinho. Eu tenho sido contrário a isso, tenho mostrado que tem um modelo de EaD que pode ter interação, que a pessoa pode participar. Você chama um pouco mais, exige, não deixa só ela ler, fazer atividade.
Eu acho que a questão da formação da mão de obra e os modelos são os dois maiores desafios. A questão da credibilidade tem sido enfrentada. A resistência em relação ao modelo autoinstrucional ainda é grande. E eu também sou contra esse modelo. Ele não funciona, é pouco efetivo, mas tem outros modelos que funcionam muito bem.
Quais as recomendações para alguém que quer fazer um curso a distância?
Primeiro ele decide a área. Depois, pesquisa. Por exemplo, graduação em Direito ou Medicina não existe a distância no Brasil. Depois, ele tem que pesquisar para ver qual o modelo; o fato de ser “a distância” não define a história. Hoje é tão misturado que é possível que o curso que ele queira fazer exija a presença em um pólo, provas presenciais.
Além disso, ele precisa pesquisar a credibilidade da instituição. O MEC tem uma lista de instituições credenciadas. A avaliação é difícil, mas ele pode ler, procurar se informar, perguntar para as pessoas. Se a pessoa se decepciona com a presencial, ela muda de universidade. Se ela se decepciona com a EaD, ela acha que não se adapta ao modelo e desiste. Então ele tem que perguntar para pessoas que fizeram na área que ele fez.
Hoje, boas universidades presenciais montaram bons cursos a distância. Uma boa instituição presencial não vai se arriscar e fazer um trabalho ruim a distância porque ele vai acabar com a credibilidade que ele tinha no presencial. E se a pessoa tem disponibilidade, tempo e dinheiro para pagar um curso presencial, vale a pena, porque ele será apresentando aos dois modelos. Mas se é mais adequado para ela fazer a distância, basta pesquisar e se lançar na experiência.