terça-feira, 2 de agosto de 2011

Educação: Distância ou Presencial?


Num mundo globalizado, onde as tecnologias estão á disposição de todos. O processo educativo não ficaria atrás, utilizando-se das mais variadas mídias começa a desempenhar seu papel na transição da educação massiva para o processo da interação com esses valiosos recursos.
A disposição interativa permite ao usuário serem ator e autor, fazendo da comunicação não apenas o trabalho da emissão, mas co-criação da própria mensagem e da comunicação. Permite a participação entendida como troca de ações, controle sobre acontecimentos e modificação de conteúdos. O usuário pode ouvir, ver, ler, gravar, voltar, ir adiante, selecionar, tratar e enviar qualquer tipo de mensagem para qualquer lugar. Em suma, a interatividade permite ultrapassar a condição de espectador passivo para a condição de sujeito operativo.1
A educação presencial sempre teve e terá seu espaço no processo educativo, é um sistema tradicional, que não dispensa a presença do professor e alunos, desenvolvendo o processo educacional através da difusão destes conhecimentos, muitas vezes sem se preocupar se está surtindo efeito, que em sua maioria não gera interação entre professor e aluno, em outros casos ocorre na educação presencial, á moderação com participação na retirada de dúvidas. Muito pouco quando se compara com a interação gerada pela educação à distância.
A Educação diante dos novos paradigmas se torna renovada e transforma o modelo de recepção clássica com sua forma de difusão. Não há improvisos, infelizmente comum numa relação presencial - aluno/professor. Na EAD os educadores estão descobrindo que a verdadeira educação deve ter a participação ativa do aluno. Respondendo ao processo por inteiro. Daí a necessidade, não de suplantar a educação presencial, mais sim trazer alguns frutos para mesma, aperfeiçoá-la, torná-la um instrumento mais efetivo no processo de transformação social através da mesma. Um Bom material, uma boa mídia não é tudo, é preciso responsabilidade e profissionais altamente competentes, para garantir o alcance dos resultados educacionais e atingir o processo de democratização do ensino superior. Na sala de aula presencial as atividades individuais e soltárias predominam contribuindo assim para a baixa participação oral dos alunos.
A interatividade como elemento comunicativo entrou de uma vez na sociedade moderna e a educação não ficou a parte aderiu aos sistemas dialógicos da emissão e recepção de dados amplia a capacidade de co-criar, manipular, modificar tudo dentro do processo. Interagir plenamente como senhor autônomo que define seus momentos de aprendizagem.
Estas disposições refletem "uma mudança fundamental no esquema clássico da comunicação", uma mudança paradigmática na teoria e pragmática comunicacionais: "o emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente. Ele não propõe uma mensagem fechada, ao contrário, oferece um leque de possibilidades... O receptor não está mais em situação de recepção clássica. A mensagem só toma todo o seu significado sob a sua intervenção. Ele se torna, de certa maneira, criador. Enfim, a mensagem que agora pode ser recomposta, reorganizada, modificada em permanência sob o impacto das intervenções do receptor dos ditames do sistema, perde seu estatuto de mensagem ‘emitida’. Assim, parece claramente que o esquema clássico da informação, que se baseava numa ligação unilateral emissor-mensagem-receptor, se acha mal colocado em situação de interatividade".2
Na Educação presencial o professor simplesmente transmite o conhecimento de forma seca, ele não modela os domínios do conhecimento, é o professor ditador, moralista nato, o Senhor da Sala de Aula, o todo poderoso, pois a participação do aluno se limita ao que ele arquitetou previamente. Onde está o princípio de educar para cidadania? O Mundo mudou, a educação mudou, nossos alunos não podem mais viver de a olhar, ouvir, copiar e prestar contas numa avaliação. Precisa ter o senso de sociedade, de reflexão e criticidade. A Escola Presencial tem mais Prática de Ensino do que o verdadeiro Ato de Educar, segundo Paulo Freire, apud Marco Silva:
"O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência bancária [sedentária, passiva]. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita."3
Enquanto perfis de educadores como o citado existirem, a educação presencial só tem a perder. A modernização é inevitável para tudo e todos, devemos nos adaptar a elas. A tecnologia digital tempera a educação moderna, prepara as novas gerações para o mercado de trabalho, implementa o ensino a distância como um elemento essencial a educação presencial, semi-presencial e a capacitação de professores. Saber utilizar as novas mídias, está antenado com as novas tecnologias, não é tudo, é mais um requisito básico do novo docente, que diante de um sistema pedagógico funcional terá um processo ensino-aprendizagem também funcional.
Então, é preciso enfatizar: o essencial não é a tecnologia, mas um novo estilo de pedagogia sustentado por uma modalidade comunicacional que supõe interatividade, isto é, participação, cooperação, bidirecionalidade e multiplicidade de conexões entre informações e atores envolvidos. Mais do que nunca, o professor está desafiado a modificar sua comunicação em sala de aula e na educação. Isso significa modificar sua autoria enquanto docente e inventar um novo modelo de educação. Como diz Edgar Morin, "hoje, é preciso inventar um novo modelo de educação, já que estamos numa época que favorece a oportunidade de disseminar outro modo de pensamento". A época é essa: a era digital, a sociedade em rede, a sociedade de informação, a cibercultura.4
Cabem as escolas e universidades inserirem os seus professores nesse novo mercado, que não em fruto de política pública, incorporando o conhecimento tecnológico digital, estimulando a pesquisa como base de construção do mesmo conhecimento, desenvolver a capacidade de criar hipóteses e soluções de problemas, desenvolverem habilidades do trabalho em grupo, é a Sociedade do Conhecimento criando o novo perfil para o educador comprometido, competente, crítico, aberto as mudanças, exigente, mais além de tudo Interativo. Diante de uma reciclagem constante via web, o professor pode reformular e ampliar sempre seus conhecimentos.
1. Marco Silva - é Sociólogo, doutor em educação, professor da UERJ e da UNESA. TECNOLOGIA EDUCACIONAL. Sala de Aula Interativa: A Educação Presencial e a Distância em Sintonia com a Era Digital e com a Cidadania.
2. MARCHAND, Marie. Les paradis informationnels: du minitel aux services de communication du futur. Paris: Masson, 1986, p. 9s. Ver também: Marco SILVA. Interatividade: uma mudança fundamental do esquema clássico da comunicação. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 23, nº 3, p. 19-27, set./dez., 2000.
3. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. p. 38.
4. MORIN, Edgard. Os países latinos têm culturas vivas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 05, set., 1998. p. 4. Caderno Idéias/Livros. 


3 comentários:

  1. Olá Luiza... Gostei do artigo. Faz uma dura crítica a educação presencial na atualidade. Infelizmente ainda encontramos essa realidade na sala de aula onde o professor faz "o prato e o aluno se serve" e o pior é que os alunos não querem "mais preparar a refeição" e com isso saem despreparados para o mundo do trabalho. Nós mesmos como professores estamos sentindo neste curso como é difícil preparar um "bom prato educacional" por isso a quebra do paradigma, no meu entender deve começar por nós. Abraços. Márcio Gomes da Costa - Anhanguera Taubaté I

    ResponderExcluir
  2. Prof. Márcio comungo de vossa opinião de que a primeira mudança deve ocorrer em nós.
    Mas pergunto ao Professor, como iremos lidar com a gana de conhecimento despertada por alguns e a 'leseira' apresentada por outros em um mesmo grupo?
    Pergunto-me e pergunto aos colegas, pois, não acredito que devemos separar o bom do ruim, precisamos fazer com que os dois sejam bons. A pedagogia está em aprender e aperfeiçoar o que ensinamos. Se não existem boas referências, nossa meta é criá-las ou dar a oportunidade para que surjam.

    ResponderExcluir
  3. Só acho que se deve tomar cuidado com o termo tradicionalista, entendo que infelizmente ainda existem "profissionais" da educação que atuem assim, porém não se pode tratar como regra. A forma como abordada no texto nos mostra como se todos os profissionais que atuam no modelo presencial fossem do Período Triássico. Claro que no ensino básico, fundamental e até no médio (principalmente em escolas públicas) devido ao despreparo de alguns professores isto é observado, porém no ensino superior a mudança ocorre a olhos vistos. Nada impede que um ensino presencial utilize os mecanismos interativos para possibilitar a melhor aprendizagem. Concordo que é necessária toda uma mudança estrutural e pedagógica em todo o processo, desde a pré-escola, mais não enxergo a Educação a Distância como sendo um “fim”, mais sim um meio, indispensável para possibilitar a aprendizagem, ou melhor, a auto-aprendizagem.
    E nesta modalidade à distância, porém informatizada, que a cada dia vem ganhando novos seguidores, necessita algumas observações. Primeiro o analfabetismo digital é um grande limitador desta oferta de ensino, pois é fato que necessita uma pequena habilidade para participar ativamente e eficientemente das aulas, o outro é a compreensão de que é um curso normal, com a única diferença de não haver necessidade da presença física, porém o compromisso com a aprendizagem é o mesmo e os prazos devem ser cumpridos a risca, e isto sim é a grande mudança de paradigma que estamos enfrentando e devemos mudar.

    ResponderExcluir